Ele é o homem prestes a estrelar milhões de fantasias pelo mundo todo assim que protagonizar Cinquenta Tons de Cinza, o filme mais esperado do ano. Ele está pronto? Nós estamos prontos?
O que mais você pode se tornar, além de uma estrela de cinema, se sua memória mais antiga sobre estar cercado de mulheres aos berros é de quando correu para um cirurgião plástico para consertar o rosto, aos três anos de idade em Hollywood? Desculpe, eu quis dizer: Holywood do Norte da Irlanda – a pequena cidade onde Jamie Dornan cresceu. Ele escorregou por causa de um cão, você vai ver.
“Bem, eu suponho que tenha escorregado num sabonete,” ele diz, sentado num café em Oeste de Londres, bebendo chá de menta. “Estávamos dando banho no nosso Border Collie na parte de trás da casa e eu corri na espuma, escorreguei e abri minha cabeça num degrau de pedra. Lembro de ter sido colocado no balcão da cozinha, minha mãe chorando, minha avó chorando, e muito sangue. E eu lembro das portas do elevador do hospital, minha mãe não pôde entrar comigo,” explica o homem de 32 anos. “Houve um problema na hora dos pontos, pela posição do corte… eles tiveram que fazer algum tipo de cirurgia plástica,” ele acrescenta. “Bem, de acordo com meu pai, que é médico e eu acho que eles contam menos mentiras que pessoas normais.”
Ele sorri, ergue sua franja para me mostrar a cicatriz em sua testa e eu chego tão perto do ex-modelo de cuecas da Calvin Klein quanto as normas sociais permitirem. Graças à Cinquenta Tons de Cinza, haverá em breve muito mais mulheres gritando pelo vislumbre dele e, ah, ele sabe disso, mesmo que ainda fique constrangido e desconfortável quando se depara com esse aspecto e o fato óbvio de seu charme próprio.
Mas em 13 de Fevereiro, os cinemas vão escancarar suas portas para os ansiosos fãs de Cinquenta Tons em ambos os lados do Atlântico, desesperados para ver Dornan interpretar o objeto de suas fantasias: Christian Grey. Dizer que esse filme tem sido pouco esperado é quase como dizer que o livro vendeu algumas poucas cópias: o conto do carismático bilionário sádico com infância conturbada para atenuar os fatos e a ingênua estudante de literatura (interpretada por Dakota Johnson), quem ele seduz em seu Quarto Vermelho da Dor, provavelmente foi lido por mais pessoas que a Bíblia.
Todos os diretores em Los Angeles queriam dirigi-lo, mas o trabalho ficou com a artista e diretora britânica Sam Taylor-Johnson – uma escolha um tanto discutível para um filme de enorme sucesso. E o papel principal foi dado inicialmente para o ator Charlie Hunnam, mas ele desistiu por conta de outros compromissos profissionais. Dornan tinha feito um vídeo para as audições, “Mas não obtive respostas, nem mesmo o mínimo dos feedbacks. Por meses. Então achei ‘Bem, eu tentei.’ E então, de repente… talvez eles tenham se deparado com minha gravação nos arquivos.” Ele começa a rir.
Sam Taylor-Jonhson, ligou tarde para ele uma noite em que ele assistia bobeira na televisão com sua esposa – ah, eu sei, o reality show “Quem Dá Mais?”. “Amei a notícia! Não sabia o que Sam tinha dito, mas, no final da conversa, entendi que eles queriam encontrar comigo. Então eu contei para a minha esposa…”
E, deixe-me adivinhar, ela disse: “Querido! Vamos te ajudar a conseguir o papel imediatamente…”
“Certamente não,” ele diz com firmeza, assim que começo a entrar nos meus delírios. “Fomos dormir. Era 3h da manhã! Mas, no set, a Sam teve um jeito maravilhoso de me fazer sentir que não seria nenhum trabalho maior ou mais assustador que qualquer outro. Pudemos bloquear o que estava acontecendo lá fora – a histeria e o barulho – e nos focamos em fazer o melhor filme que podíamos.”
A pesquisa envolveu uma visita a um calabouço na casa de alguém, “Só tinha eu como plateia. Mas eu fui lá, ele me ofereceu uma bebida e eles fizeram… o que quer que fosse que eles estavam a fim. Eu vi um dominante com uma de suas duas submissas e ele se tornou o nosso ‘consultor de safadezas’ no filme”. Então você estava lá, sentado, sozinho com uma bebida na mão e os assistindo, er, você sabe… Você não estava desconfortável? “Eu estava meio que tomando anotações. Eu não sei se é porque eles estavam desconfortáveis comigo lá mas houveram muitas pausas enquanto eles riam. Eu estava: “Qual é gente, eu sei que eu não estou pagando por isso mas eu estou esperando um show!” Foi uma noite interessante. Mas depois, voltar para minha mulher e minha filha recém nascida… Eu tomei um longo banho antes de tocar qualquer uma das duas.”
O bilionário praticante de bondage que Dornan interpreta tem uma bagagem emocional com traumas de infância que também serão contados. “Você tem que dizer de onde isso veio e essa é uma parte extremamente importante no personagem. E a história de amor é mais importante do que o aspecto BDSM. Quero dizer, nós vamos contar uma história de amor, você sabe, não pode ser só…” ele faz uma pausa, “o que acontece no Quarto Vermelho, isso não é um filme. Tem tanta coisa acontecendo mais do que isso.”
Dornan fez um papel que pode, de alguma forma, ser comparado a esse. Paul Spector do drama da BBC, The Fall: um marido, pai e conselheiro do luto, que também é um serial killer de mulheres, sendo perseguido por uma detetive interpretada por Gillian Anderson. Dornan interpretou o psicopata com uma tranquilidade misteriosa que lhe rendeu uma nomeação ao BAFTA, mas ele quer esclarecer as diferenças entra os dois papeis. “Ambos amarram mulheres à cama, sim, mas por razões bem diferentes. Se os motivos são tão diferentes, então a ação tem que ser diferente. Eu ficaria muito chateado se as pessoas pensassem que eu estou fazendo o mesmo papel duas vezes.”
E quanto as pessoas que acham toda a história de Cinquenta Tons antifeminista? Ele entende. “Mas, você sabe, as pessoas que gostam dessa cena, ninguém está forçando ninguém a isso; é tudo consensual. Pessoalmente, eu gosto de golfe e passo minha vida defendendo golfe porque algumas pessoas não entendem. Eu entendo o por quê das pessoas dizerem que amarrar mulheres e dar palmadas é algo misógino. Mas na verdade, homens são mais submissos que mulheres. Homens muito poderosos. Eu tenho 100% de certeza que existem pessoas com quem você já jantou que fizeram isso. É uma cena muito maior do que eu imaginava: Em praticamente todas as cidades no mundo que você pode citar, as pessoas querem levar palmadas com uma pá com pregos. Eu pessoalmente não quero isso, mas você não pode ficar com raiva sobre isso.”
Isso tem que ser dito, Dornan provavelmente sabe a sensação de se sentir objetivado: há uma década, como o modelo que namorava Keira Knightley. Não que ser modelo para ele fosse um tipo de hobby – ele foi grande, estrelando campanhas com Eva Mendes e Kate Moss; além de estar em campanhas para Dior e Armani. Embora ele tente falar educadamente sobre modelar agora, para mim, pelo menos, ele claramente odiou isso.
Ele não vai mencionar Keira diretamente, mas o nível de fama que ela teve – e os flashes dos paparazzi – teve um impacto nele, e fez ele questionar suas motivações para se tornar um ator: “Você não faz isso para ter um cara sentado do lado de fora da sua casa com uma câmera. Não é por isso que você faz isso. Não conseguiria trabalhar em um escritório; Não tenho temperamento. Mas sim, não sei como você se prepara para isso. Você não pode se esconder em um saco de areia. Comprar capuzes e bonés? Vou lidar com tudo isso quando chegar. Me sinto seguro sobre quem eu sou. Não é minha primeira vez nisso.”
Em 2013 ele casou com sua companheira Amelia Warner em Somerset, enquanto ela estava grávida da primeira filha deles de um ano que come Marmite nas torradas todo dia. Paternidade é ‘incrível‘. “Tive que ficar ausente por uns dias e quando eu voltei, eu mal reconheci ela e isso é horrível; ela muda muito“, ele diz. “E então eu tenho esse grande medo que ela não irá me reconhecer. A barba ajuda, mas tive que raspá-la algumas vezes, então ela ficou em choque pelas primeiras horas. Ela me olhou tipo: ‘Eu te amo? Eu acho que te amo.’ Tenho que ganhar a confiança dela de volta.”
Sua filha nasceu no Canadá, dois dias antes das gravações de Cinquenta tons começarem. “Foi tipo um tempo mental. Eu penso em como ela vai explicar para seus amigos, quando ela for mais velha, exatamente o motivo dela ter um passaporte do Canadá. Minha esposa e eu estamos tendo conversas sobre isso“, Jamie admite, rindo. “Sim. Vamos lidar com isso quando chegar a hora.”
A família de três vive em Londres no momento, mas não para sempre. Jamie cresceu ao lado de uma praia e gostaria que o mesmo acontecesse com seus filhos um dia, apesar que ele não irá voltar para a Irlanda do Norte. “Mas em Londres, você vai para a academia e não há espaço sobrando e custa aquele valor para jogar futebol em uma terça à noite e tem que agendar por 6 meses. No oeste de Londres, isso custa muito dinheiro para comprar um apartamento e não sei se quero ser esse tipo de pessoa que acha isso OK.”
Dizendo tudo isso, ele aproveitou uma noitada com membros de um clube do leste de Londres recentemente, “Mas então eu saí e pensei ‘São quatro horas da manhã e estou tão longe de casa e da minha esposa. Peguei um táxi, que é sempre muito ruim. Apesar que eu sempre tenho as melhores conversas com os motoristas de táxi. Bem, eu acho que são boas conversas – o motorista está provavelmente pensando: ‘Por que eu peguei ele?’. E eles sempre colocam na rádio Magic or Heart e então você está cantando The Carpenters enquanto volta para casa.”
Ele recentemente esteve em uma despedida de solteiro. “Mas foi a despedida de solteiro mais estranha. Estávamos em uma casa country em Norfolk e fazendo tiro ao arco, e você sabe, sentados ao redor de uma fogueira. Tivemos um chef e tudo! Gente da classe média. E depois, claro, a substituição da linha ferroviária de Norfolk, então demorou cinco horas para voltar de ônibus para casa.” Desculpa, mas Jamie Dornan ficou preso em uma substituição de linha ferroviária em Norfolk? Ele ri. “Deixei o carro em casa para minha esposa usar.”
Fama? Ele irá lidar bem.
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