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    Entrevista completa de Kristen para ELLE EUA!

    17/08/2014

    Kristen Stewart é famosa por – não, risca
    isso. Famosa é uma palavra muito gentil
    para descrever o que Kristen Stewart é
    agora para a história da cultura
    americana. Kristen Stewart é um
    fenômeno por interpretar a garota nos
    filmes da saga Twilight, só que, claro, ela
    interpretou o menino. Esse é o segredo da
    atração da franquia: É uma nova versão de
    Romeu e Julieta, exceto – e aqui está o
    motivo pelo qual o material é tão novo –
    ele é Julieta e ela é Romeu. O Edward
    Cullen de Robert Pattinson é o objeto de
    desejo e também a Fera que também é a
    Bela. É a Bella Swan de Stewart que bota
    um fim em sua solidão e supera os
    obstáculos físicos e metafísicos em seus
    caminhos, convertendo para o
    vampirismo, para então poderem ficar
    juntos por toda a eternidade.
    Enquanto estamos no assunto de segredo
    de atração, aqui está o de Stewart: Ela é
    uma adorável garota que possui tanto
    uma inteligência sentimental quanto a
    profundidade dos sentimentos, ainda
    assim, num piscar de olhos, ela pode se
    transformar em uma jovem garota quente
    e durona que está pronta para a ação,
    chutes, qualquer coisa. A primeira
    personalidade, delicada sem ser fraca, é o
    motivo pelo qual ela é tão comovente nos
    filmes como Na Natureza Selvagem,
    Adventureland e Na Estrada, o par
    perfeito para Emile Hirsch, Jesse
    Eisenberg, Garrett Hedlund e Sam Riley. A
    última personalidade, tão segura que se
    torna arrogante, com bordas de
    machismo, é o motivo pelo qual ela
    consegue conduzir os olhares de puro
    desejo para Dakota Fanning em The
    Runaways. É o motivo pela qual ela
    consegue conduzir, também, o papel de
    Joan Jett, a mulher que provou que você
    não precisa de um pênis para arrasar,
    você só precisa afinar a guitarra, escorar
    essas coisas e criar um som que pula das
    caixas de som, com urgência, cheia de
    vitalidade e agressão.
    Okay, então essa é Kristen Stewart, a
    estrela do cinema e símbolo sexual.
    Eu encontro-me com Kristen Stewart, a
    pessoa, no final de uma segunda-feira em
    junho em Culver City. Nós vamos nos
    encontrar no estúdio do artista Ed Ruscha.
    Eu sou da costa leste e o trânsito de Los
    Angeles me deixa assustada, então chego
    meia hora mais cedo. Quando Stewart
    aparece, um minuto para o horário, eu
    estou conhecendo o quarto de um homem
    cheio de bugigangas de Marilyn Monroe;
    dois cães, os dois chamados Lola; e fotos
    rasgadas de Jesus por Paul, irmão de
    Ruscha. Stewart me liga dizendo que está
    do lado de fora e eu vou abrir a porta.
    A garota do outro lado pode ter feito uma
    Joan Jett assustadoramente convincente,
    mas é uma jovem Elvis Presley com quem
    ela se parece mais: a mesma forma de
    amêndoa dos olhos (seu verde vivo foi
    substituído por um marrom para Twilight),
    delineado preto, as pálpebras pesadas e
    cobertas; a mesma cor da pele, um tom
    branco e sem uma marca, tão sem poros
    como o mármore; mesma boca, estreita,
    mas cheia. Ela veste um jeans skinny bem
    apertado, Vans e uma blusa com decote V,
    óculos de sol na gola, o cabelo longo e
    emaranhado, pintado de vermelho e com
    a raíz escura. O look, totalmente sul da
    Califórnia, é totalmente anti-glamour, mas
    ela também pode minimizar seus recursos
    naturais. Eu preciso te dizer que ela é
    muito, muito bonita? E apesar de ter 24
    anos, ela pode se passar por muito mais
    nova – uma criança recém saída do ensino
    médio.
    Stewart e eu apertamos as mãos e eu
    mostro a ela o local. Sua conduta é
    tímida, nervosa, mas ela também parece
    ansiosa para se comunicar. Não somente
    com Ruscha, que entrou no local junto
    com ela, mas também com a assistente de
    Paul e Ruscha e as duas cadelas. Comigo,
    também. A harmonia de Stewart com
    Ruscha é natural e instantânea. Ele sabe
    que ela apareceu na adaptação de Walter
    Salles de On the Road, onde ela
    interpretou Marylou, a “garota afiada” de
    Dean Moriarty. Ele mostra algumas
    edições de fine art do romance de
    Kerouac – um dos favoritos de Stewart –
    que ele criou alguns anos atrás, com
    ilustrações para os textos. Conforme ele
    foi virando as páginas, Stewart foi
    nomeando os objetos e lugares: marcas
    de cerveja e automóveis que não existem
    mais, um pacote de cigarro – “Nós
    fumamos tanto desses que achamos que
    íamos morrer!” – um prato de torta de
    maçã à moda da casa, a estrada do
    Arizona e bordéis mexicanos. Ela não faz
    isso de um jeito para se exibir, mas com o
    prazer do reconhecimento de algo que a
    move ou anima ela.
    Depois que Ruscha fecha On the Road, ele
    e Stewart continuam em um papo,
    comentando facilmente sobre as coisas.
    Eles estão conversando sobre um amor
    em comum por vazamentos de luz em
    fotos, quando eu tenho que quebrar o
    momento, por causa de uma reserva para
    12h15min e eu prometi para a publicista
    de Stewart que não tomaria muito o seu
    tempo.
    Stewart e eu entramos em seu Mini
    Cooper, que na verdade é de sua mãe, e
    partimos para um restaurante perto dali.
    Antes de entrarmos, Stewart para em um
    canto para um cigarro, que ela fuma
    nervosamente rápido. Assim que
    chegamos à recepção, eu entendo o seu
    espasmo de ansiedade. Sua cabeça e seu
    corpo estão curvados – ela está
    praticamente propícia a invisibilidade – e
    ainda assim, os olhos das pessoas vão
    para ela como ímãs. Todo mundo encara.
    Digo, todo mundo mesmo. Até as pessoas
    que parecem que não estão encarando,
    estão. É nesse momento que eu percebo –
    novamente, devo dizer, já que eu sabia
    antes de conhecê-la, mas esqueci depois,
    por ela ser tão modesta, tão discreta,
    bem, tão normal – a quão celebridade de
    liga principal que ela é. Percebo também
    que ela deve viver muito tempo da sua
    vida na misericórdia de estranhos. Por
    exemplo, se um de nossos camaradas
    decidirem acabar com seu disfarce ligando
    para uma revista de fofoca (hey, isso é Los
    Angeles, as pessoas devem ter esse tipo
    de número na discagem rápida) ou
    tweetar “OMG, KStew está no Akasha em
    Culver Blvd!!!”, nós teríamos que ir
    embora e com fome. A recepcionista nos
    levou até uma mesa discreta na parte de
    trás do restaurante. Um garçom deixa os
    menus e água e Stewart ocupa a cadeira
    de frente para a parede, com as costas
    para o local. Assim que está claro que
    estamos sozinhas e que ninguém irá nos
    perturbar, ela relaxa, tira o cabelo de seu
    rosto e solta a respiração que ela estava
    prendendo desde que entramos.
    Por um ou dois minutos, nos conversamos
    sobre a esquisitice que é ser ela.
    “Então, basicamente, você nunca pode
    olhar para as pessoas.” Eu digo.
    “Eu sou obcecada com isso. Eu sempre
    estou assim, eu não posso olhar.
    Literalmente, na maioria das vezes, eu
    estaria encarando essas garotas [ela
    aponta com a cabeça], mas eu nem olhei
    para elas.”
    “Não pode arriscar contato visual com
    estranhos, não é?”
    “Sim, porque você estaria deixando que
    eles entrem. Mas ao mesmo tempo eu
    penso: ‘O que, eu não quero deixar
    ninguém me conhecer?’ E, honestamente,
    eu sou super verdadeira com as pessoas.
    Incrivelmente. Se uma pessoa é realmente
    legal e quiser conversar, eu fico e
    converso o dia inteiro.”
    O garçom retorna e Stewart abre o seu
    cardápio, rapidamente olhando as opções.
    Enquanto ela está ocupada fazendo isso,
    eu vou dizer qual é a “coisa” dela: que ela
    não gosta de ser famosa ou que ela não
    gosta de ser famosa o suficiente, ou que
    ela é um pouco ingrata porque ela não
    aproveita o suficiente a fama que nós, o
    público, demos a ela. Pelo melhor que
    posso dizer, ela tem essa reputação por
    muitas vezes não dizer “Xis” para as
    câmeras. A minha percepção de Stewart é
    que ela é naturalmente uma pessoa
    tímida, então ela casualmente se encolhe
    com a atenção que ela recebe, e uma
    pessoa naturalmente honesta, então ela
    pode ligar para isso em um instante. E,
    okay, talvez ela seja naturalmente rebelde,
    também. E espíritos rebeldes estão em
    escasso em Hollywood. Minha aposta é
    que Stewart nem sempre é legal com a
    mídia porque ela sabe que o preço de ser
    legal é muito alto. Você dá para a mídia o
    que eles querem e eles pegam, pegam até
    que você se perca.
    Stewart expia seu cigarro de mais cedo
    com uma salada de couve. Ela é uma
    garota local, nascida e criada em San
    Fernando Valley, seus pais estão na área
    do show business: sua mãe é uma
    supervisora de roteiros e seu pai é um
    gerente de palco e produtor de TV.
    Stewart decidiu muito nova que queria ser
    atriz, não pelo desejo de atenção e sim
    por querer um emprego. “Eu queria ir
    trabalhar com meus pais e ter algo para
    fazer,” ela diz. “E a única coisa que você
    pode fazer quando criança, é ser ator. Eu
    via as crianças no set e perguntava ‘O que
    é isso? Por que elas estão aqui?’” Sua
    família lhe mostrou como era a indústria e
    ela manteu seu pensamento.
    O sucesso veio rápido. Com onze anos, ela
    apareceu em The Safety of Objects. Com
    doze anos, foi a vez de Panic Room, como
    a filha de Jodie Foster. Stewart teria que
    esperar até o seu aniversário de dezoito
    anos por Twilight e a super fama, embora
    quando ela assinou o contrato, ela
    pensou, e com boas razões, que era um
    indie – o elenco quase todo desconhecido
    e dirigido por Catherine Hardwicke.
    “Quando você percebeu o quão grande
    seria Twilight?” Eu pergunto.
    “No dia da estreia do filme, havia uma
    foto minha no New York Post, eu acho. Eu
    estava sentada na varanda da frente
    fumando um cachimbo com o meu ex-
    namorado e meu cachorro. Eu fiquei tipo
    ‘Oh, merda, agora eu tenho que prestar
    atenção nisso.’”
    Ela admite que a fama repentina foi muito
    para aguentar: “Eu ainda não tinha
    esculpido meu espaço e as pessoas ainda
    não tinham se acostumado comigo. Foi
    muito difícil. Eu não dava entrevistas
    muito bem, eu estava muito nervosa. As
    pessoas não responderam muito bem a
    isso.”
    Nos últimos anos, tudo voltou para uma
    escala menor com os projetos mais
    íntimos que Stewart fez antes e durante a
    saga Twilight, com Snow White and the
    Huntsman sendo uma notável exceção. Ela
    tem dois filmes saindo no final desse ano,
    Camp X-Ray de Petter Satler e Clouds of
    Sils Maria de Olivier Assayas.
    Eu pergunto para ela quem ela está
    namorando por esses dias. Stewart é
    educada sobre isso – certamente mais do
    que mereço – mas me deixa saber que sua
    vida profissional é precisamente isso, uma
    postura que eu acho pessoalmente
    admirável, mas profissionalmente
    frustrante. Ela está disposta a discutir em
    termos abstratos como uma vida pessoal
    é possível para ela: “Eu só tenho que ser
    muito consciente. Leva um pouco da
    natureza impulsiva da vida fora da
    equação, mas eu –”
    Stewart é interrompida com o barulho de
    mensagem de texto. Enquanto isso vou
    dizer outra coisa sobre ela: não há uma
    variedade dramática, é a mesma em todo
    filme. E apesar de ser inegável que cada
    personagem que ela incorpora tenta
    assemelhar-se com outro, eles não são
    idênticos. Stewart está ciente de suas
    limitações: “Algumas pessoas tentam fazer
    aquela coisa onde você cria o
    personagem. Eu não posso ser ninguém
    mais do que eu mesma. Se eu não posso
    simpatizar com algo que meu personagem
    faz, é um problema. E algumas vezes eu
    tive diretores que ficavam ‘não é você,
    Kristen, é o personagem.’ E eu fico tipo
    ‘essa é a coisa mais preguiçosa que você
    pode me dizer. Sou eu.’
    Ela envia sua mensagem de texto e nós
    conversamos por mais alguns minutos. Eu
    faço sinal para a conta e nós caminhamos
    para o lado de fora. Eu sinto que ela quer
    fumar, mas está relutante em acender o
    cigarro, já que estou visivelmente grávida.
    Assim que nós nos despedimos, ela pega
    suas chaves e eu peço para a
    recepcionista chamar um táxi para mim.
    Enquanto espero, olho para fora e lá está
    Stewart com seu cigarro, encostada em
    seu carro. Assim que termina, ela entra do
    lado do motorista e dá partida para o
    trânsito de Culver. A princesa da calma.

    Tradução

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