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Omelete
Muita gente vai se interessar por The
Rover - A Caçada pela curiosidade de ver
Robert Pattinson em um papel desafiador
num filme adulto - oportunidade que o
ator agarra com dedicação, como se pode
ver na tela - mas tantos outros
espectadores podem assistir ao filme do
diretor David Michôd (Reino Animal) pelo
prazer de ter Guy Pearce em outro
faroeste australiano, quase dez anos
depois de A Proposta (2005).
The Rover não é exatamente um faroeste,
como também não era o longa de estreia
de Michôd na ficção, Reino Animal (2010),
que o tornou conhecido mundialmente.
Ambos os filmes do diretor transitam,
porém, pelos temas e por cenários
desolados típicos dos westerns, em que
homens fazem ou refazem o status das
coisas, na ausência da lei. Depois de
interpretar um detetive em Reino Animal,
em The Rover Pearce também carrega
consigo, agora como forma de penitência,
a bandeira da ordem.
Cartelas dizem que dez anos se passaram
desde o colapse financeiro global, e o
pós-apocalipse de The Rover, embora se
passe nos mesmos desertos de Mad Max,
não tem nada de carnavalesco. Os
sobreviventes aqui transitam solitários ou
em bandos mal organizados, com roupas
catadas (camisas sociais velhas,
bermudas, tênis) e carros usados, e quem
ainda opera na lei mantém comércios
tímidos de beira de estrada.
A trama é mínima. Um homem (Pearce)
tem seu carro roubado por uma gangue
que fugia depois de um assalto
malsucedido. Ele então pega como refém
o irmão (Pattinson) do líder da gangue
(Scoot McNairy), para tentar recuperar o
veículo. No caminho estrada afora em que
acompanhamos Pearce e Pattinson,
descobrimos o passado dos dois
personagens, presenciamos as mudanças
no mundo - e descobrimos o que ainda os
prende a esse mundo.
De Reino Animal, Michôd mantém não
apenas a figura da lei (que Pearce
personifica aqui em atuação contida mas
sempre a ponto de explodir) como o seu
extremo oposto, o inocente trágico, cuja
juventude o faz filtrar tudo o que há de
influência ao redor, nesse vácuo moral do
pós-colapso. Uma cena ótima resume o
que ancora o personagem de Pattinson no
mundo: a música pop que ele escuta no
rádio, provavelmente um sucesso pré-
colapso, cuja letra ele ainda sabe de cor.
Cabe a Pearce apresentar então a
Pattinson - e aos demais personagens do
filme - o que restou de direito no mundo.
Na realidade de The Rover, como na de
Reino Animal, as mulheres se revezam em
espectros muito diferentes das funções
matriarcais (ora a mãe que adota, ora a
mãe que explora) e resta aos homens
entender qual, afinal, é o seu papel nessa
história.
G1
Guy Pearce é homem que persegue
ladrões que levaram seu carro.
Robert Pattinson interpreta bandido ferido
e abandonado pelo irmão.
Em seu segundo longa, “The rover – A
caçada”, o australiano David Michôd
mostra que a força de seu filme de estreia,
“Reino animal” (no Brasil lançado direto
em DVD), não foi acidental.
Aqui, ele retrata um futuro distópico, não
muito distante do nosso presente, num
lugar devastado depois de um colapso
econômico que nunca é explicado. Apesar
das condições precárias e o calor infernal,
é possível sobreviver: há alguns alimentos,
combustível e dinheiro, embora o dólar
americano seja preferido ao australiano.
Os sobreviventes estão em luta constante,
sempre sujos e desesperados. Ainda há
militares, que cuidam também da
burocracia governamental. Nesse cenário
inóspito, o carro de Eric (Guy Pearce) é
roubado, dando início a uma perseguição.
Como os ladrões abandonam seu próprio
carro, que está funcionando
perfeitamente, é de se indagar porque o
protagonista não se contenta em ficar
com esse veículo, em vez de insistir em
recuperar seu carro roubado.
Na estrada, Eric acaba encontrando Rey
(Robert Pattinson), um sujeito com
limitações intelectuais e irmão de um dos
ladrões. Poucas pistas são dadas sobre
essa dupla. O rapaz pode ser mais esperto
do que parece e se sente traído pelo
irmão que o abandonou para trás, ferido.
Quanto a Eric, o que o faz mover nessa
busca desesperada? Porque, às vezes, é
tão cruel, e, em outros momentos, uma
pessoa emotiva? É nessas pontas soltas
que “The rover – A caçada” constrói numa
atmosfera de suspense constante. Pelo
caminho, a dupla cruza com diversas
ameaças e poucas personagens femininas.
Michôd revela pouco, elaborando a
narrativa sobre minimalismos. Não que
esteja escondendo algo, apenas parece
estar tentando compreender esse futuro
aos poucos – como os próprios
espectadores do filme.
Cenários pós-apocalípticos como esse já
forneceram a ambientação em produções
como a trilogia “Mad Max” e no recente
“A estrada” - e, no fundo, são uma
releitura de nosso presente.
Seria esse ambiente devastado de “The
rover” resultado de alguma crise
econômica global? Ou climática? Afinal, a
natureza parece estar desequilibrada no
filme. O diretor evita explicações, porque,
afinal, não importam muito as causas, mas
a forma como seus personagens lidam
com essa ruptura: e eles o fazem de
forma desesperada.
Disse o crítico e teórico norte-americano
Fredric Jameson que é mais fácil imaginar
o fim do mundo do que o fim do
capitalismo, e “The rover – A caçada” é
uma espécie de materialização desse
pensamento.
As relações de compra e venda e
acumulação de dinheiro estão presentes
ao longo do filme. Mas fica a questão:
para que servirão todos os dólares depois
que acabarem todos os recursos? Só
restará a barbárie? Os personagens e as
situações aqui estão a um passo disso.
Todos – desde Eric, passando por Rey, seu
irmão e a gangue ou os membros de um
circo falido – estão no limite da
sobrevivência, até porque, quem sabe se
terão um futuro? Se durante boa parte do
filme Eric é durão e praticamente nunca
sorri, ao final, revela sua humanidade. É
como se a história estivesse de algum
modo afirmando que é disso que
precisamos para atravessar os tempos de
crise.
*As opiniões expressas são
responsabilidade do Cineweb
Jornal Metro
O diretor australiano David Michôd causou
uma ótima impressão em Hollywood com
seu filme de estreia, “Reino Animal”. É
legítima, portanto, a curiosidade em
relação a seu segundo longa, “The Rover –
A Caçada”, que estreia nesta quinta-feira
no Brasil.
A produção narra a história pós-
apocalíptica de um homem (Guy Pearce)
que
busca vingança da gangue responsável
pelo roubo de seu carro. Para isso, ele
usa o irmão de um dos membros do
grupo (Robert Pattinson), deixado para
trás após ser ferido. Juntos, eles tentam
sobreviver enquanto desbravam a
Austrália.
“Adoro esse tipo de filme, com pessoas
encalhadas em uma paisagem totalmente
inabitável. É algo ao mesmo tempo bonito
– de uma forma épica – e assustador,
porque você sabe que pode morrer se
uma coisinha ou outra der errado”, diz o
diretor.
Para Michôd, a simplicidade foi essencial
na composição do roteiro. “Queria algo
mais elementar e enxuto. O principal
objetivo do personagem de Guy, no
fundo, é encontrar um motivo para
permanecer vivo”, revela.
Ele traça ainda paralelos entre esse
universo ficcional superviolento e a
realidade de hoje. “Comecei a canalizar
muita da minha raiva e do meu desespero
com o mundo no roteiro. A única razão
que vejo para a administração [dos EUA]
ter embarcado naquela empreitada
ridícula de invadir o Iraque foi enriquecer
os amigos. Provocar tanto sofrimento para
enriquecer um pequeno número de
pessoas é patologicamente cruel. E é difícil
não ficar com raiva disso”, afirma ele.
Guy Pearce se apaixonou pelo
personagem. “Foi uma jornada
interessante para entender como ele se
despiu de toda civilidade, moral e ética e
aflorou um lado sobrevivente e animal”,
diz ele, que elogia as escolhas do diretor.
“Sei porque fórmulas existem, mas às
vezes é bom não ter tudo tão
explicadinho.”
Cutprintfilm
"Guy Pearce é um tesouro nacional
australiano. O homem é um ator
incrivelmente experiente que faz um
monte deste filme sem fazer muito. Ele
parece mostrar uma centena de emoções
diferentes debaixo da mesmo carranca.
Ele é uma combinação perfeita para o tom
austero que este filme estabelece e
ordena a nossa atenção rigorosa em cada
turno. Onde Pearce atua um pouco,
Pattinson age muito, mas seu
desempenho é tão bom. Se ainda não o
perdoaram por Crepúsculo, talvez agora é
a hora de começar. O personagem de Rey
é um estudo bastante astuto de um certo
tipo de rapaz que eu tenho certeza que eu
me encontrei várias vezes, crescendo em
comunidades rurais de montanha. Seu
discurso é cantar alegremente e demorou.
Ele nunca teve dinheiro. Seus modelos a
se seguir são pequenos criminosos. Seu
balanço, arrogante é um comportamento
aprendido que o ajuda a ter confiança do
projeto e dominação. Este é um filhote de
cachorro que precisa agir como o cão alfa
para manter o que é seu. Por que esse
garoto americano que está correndo ao
redor do Outback é uma incógnita. É o
tipo de personagem que poderia
facilmente ser muito grande, muito
vistoso, e perder a sua autenticidade; mas
Pattinson nunca cruza a linha. Ele nos
mostra algo por trás dos olhos deste
personagem, uma humanidade que seu
colega tenha profundamente enterrado."
Peekaboo
Demora um pouco para que o espectador
entenda o papel de todos os personagens
estranhos que aparecem na imagem. Mas
uma vez que o enigma é desvendado,
Cronenberg está oferecendo ao
espectador um drama psicológico genial
que é caracterizado por humor negro.
Você estará rolando pelo chão por causa
das más situações que as estrelas estão
envolvidas, mas ao mesmo tempo você
estará profundamente envergonhado que
essas pessoas fazem parte da
humanidade.
Cronenberg é muito difícil, ele não se
importa de destruir a cidade que fez a sua
forma de arte famosa. Tudo o que resta é
a caixa vazia (mas atraente) que
Hollywood é.
Assim como sempre. Cronenberg sabe
muito bem como tirar tudo de seus
atores. Portanto, atente para
performances brilhantes de Julianne
Moore (que fica a cada dia mais e mais
sexy!), Mia Wasikowska, que mais uma vez
prova que é um grande novo talento, John
Cusack, que merece mais do que os filmes
B¹ que estão sendo oferecidos a ele
atualmente e claro Robert Pattinson, que
já mostrou ao mundo, no filme anterior de
Cronenberg (Cosmópolis), que há vida
depois de Crepúsculo.
Prepare-se para o inesperado, ou apenas
prepare-se para um outro passeio/
Cronenberg. Maps to the stars está agora
nos cinemas. Recomendado!
¹Filmes B: Filme B é um termo usado
originalmente para se referir a filmes de
Hollywood destinados a serem a "outra
metade" de uma sessão dupla, que
geralmente apresentava dois filmes do
mesmo gênero (faroeste, gangsters ou
horror).
MailOnLine
"Na verdade, eu quase fui arremessado
para fora ': Robert Pattinson diz que
quase obrigou-se a ficar inconsciente
durante uma cena de carro em The
Rover ... por tentar não agir
Parece que Robert Pattinson é um perigo
para si mesmo quando ele não está
agindo suas calças como ele revela que
quase foi arremessado para fora ao fazer
o mínimo no set de The Rover.
Falando em um evento "Conheça os
cineastas na Apple Store", Regent Street,
em Londres, Robert explicou para um
público pequeno só por que ele estava
prestes a ser forçada a ficar inconsciente
durante as filmagens. "Eu gosto de fazer
tudo o que me permite ter de não agir,
por isso na nossa primeira cena, quando
Guy me jogou por aí com o carro, na
verdade eu quase fui arremessado para
fora, deixando-me ir", o ator britânico
explicou.
Junto com o co-estrela Guy Pearce e
roteirista e diretor David Michôd, os três
senhores responderam às perguntas do
público sobre o seu tempo de trabalho em
que David descreve um "escuro e sujo,
num futuro próximo ocidental".
Robert fala sobre seu sotaque, como seu
personagem Rey pretende ser um jovem
sul-americanos que, como muitos outros
de todo o mundo, reuniram-se na
Austrália depois de um crash econômico
aleijado o mundo dez anos antes. O ator,
que nasceu em Londres, disse que não era
"totalmente certo" o acento ele acabou
com, mas é a primeira coisa que pensei
quando ofereceu o papel. "Eu passei
muito tempo pensando sobre o
personagem, 10/11 meses a partir da
audição, por isso antes de começarmos
era relativamente perto de mim", explicou
Robert. "Com este, eu comecei com a voz.
Tentando encontrar pequenos padrões
vocais, truques, chegando com um sub
texto, e criação de pequenos twerks.
Guy também disse a voz do personagem é
geralmente a primeira coisa que ele
trabalha, mas não neste caso. "Eu acho
que para este filme, que poderia ter sido
menos sobre a voz primeira, mas mais
sobre a fisicalidade, como ele se mudou,"
o ator australiano explicou. Ele
desempenha um ex-soldado Aussie que
persegue quadrilha do irmão de Rey
depois de roubar o carro dele. Guy
admitiu que ficou impressionado com a
atuação de Robert, e ainda disse que ele
tinha "o seu jogo" assistindo as cenas
britânicos estrela atirar, mas ele nunca
assistiu a um filme de Crepúsculo.
Ladies 'Desculpe! Eu vi Rob em Água para
Elefantes, que eu pensei que era um belo
filme e Rob fez um trabalho maravilhoso,
parecia uma estrela de cinema. Fiquei
realmente impressionado.' Os atores
também brincaram com os diretores que
adorariam trabalhar com o próximo.
"Martin Scorsese," disse Guy. "Se ele está
na loja agora, comprando um iPhone, por
que ele não me oferece um emprego?'
Robert disse que ele estava "usando esta
oportunidade para conseguir um
emprego": "Eu adoraria trabalhar com
Jacques Audiard, porque ele é fenomenal"
Tendo já atuado em dois filmes de David
Cronenberg (Cosmópolis, Mapas para as
estrelas) e filhos do diretor Harmony
Korine escrevendo um filme de gangster
para ele, parece muito provável que Rob
em breve trabalhe com o cineasta Rust
And Bone.
The Rover estará nos cinemas do Reino
Unido em 15 de agosto
Evening Standart London
A estrela de Crepúsculo Robert Pattinson
contou como ele gostava do "anonimato"
das filmagens no outback australiano
desolado onde ele não poderia ser
assediado por fãs. O galã de Hollywood
entrou com o co-estrela Guy Pearce no BFI
Southbank ontem à noite para uma
exibição especial de seu último filme The
Rover, um thriller distópico definido no
rescaldo do colapso total da sociedade.
A equipe passou sete semanas filmando
no remoto sul da Austrália, incluindo a
pequena cidade de Marree, onde a
população de apenas 90 ficaram
intrigados com o 100-plus da equipe e
elenco, mas não incomodaram os
famosos.
Pattinson, 28 anos, disse: "Eu amei o
anonimato. Não havia nada lá. Eu nunca
estive em qualquer lugar como este antes,
não há simplesmente nada por milhas e
milhas e milhas. "Eu acho que é muito
divertido trabalhar com uma equipe em
uma pequena cidade pequena onde todo
mundo está saindo com o outro o tempo
todo. Você desenvolve um grande vínculo,
e eu não tive isso por um tempo.
Considerando-se que é um filme muito
escuro e bastante sombrio, acabamos por
ter um monte de diversão. "
R-Patz, que cresceu em Barnes, já fez sua
casa em Los Angeles, onde ele recebe
mais privacidade do que em Londres por
"fugir" por meio de parques de
estacionamento subterrâneos.
"Eu gostaria de um lugar em Londres,
mas eu teria apenas pessoas na minha
porta o tempo todo. Estou acostumado a
LA onde eu posso me esconder e escapar
facilmente através de parques de
estacionamento subterrâneos, esse tipo
de coisa ", disse ele. Em The Rover, nos
cinemas em 15 de agosto, o personagem
de Pattinson está muito longe do vampiro
galã Edward Cullen cut- nos filmes de
Crepúsculo.
Ele faz Rey, um criminoso ingênuo cujo
irmão está sendo caçado por endurecido
solitário Eric (interpretado pelo
australiano Pearce).
Marie Claire UK
Robert Pattinson está de volta (na hora
sangrenta) e se prepara para descobrir o
seu lado mais sombrio em dois novos
filmes independentes. O drama pós-
apocalíptico deste mês The Rover vê a
estrela de Crepúsculo incorporar um
sobrevivente de raciocínio lento junto com
Guy Pearce, enquanto na sátira de David
Cronenberg ,Map To The Stars, ele faz um
motorista de limusine Hollywood.
É oficial: R-Pattz está finalmente
redefinindo sua imagem.
No caso de The Rover , significava viajar
para a Austrália com temperaturas
abrasadoras - não que isso o
incomodasse.(...) Em seguida, Map To The
Stars, ele se vê seduzindo a personagem
da atriz Julianne Moore na parte de trás
de um carro, algo que, ao que parece, ele
não se sente confortável com tudo isso.
"Eu sempre acho cenas de sexo a coisa
mais aleatória de ver em um filme", disse
ele 'Dois atores fingindo fazer sexo! Por
quê? É tão estúpido. "
Nós não estamos reclamando, R-Pattz.
Nem um pouco.
A entrevista completa estará na edição de
setembro da Marie Claire UK.
ArrotosCulturais
Depois de apresentar um belo cartão de
visitas com “Reino Animal”, o retorno às
telas do diretor David Michôd era bastante
aguardado. O primeiro filme do
australiano colecionou prêmios por onde
passou, sendo inclusive um dos indicados
ao Oscar de Melhor Filme em 2011. Se em
“Reino Animal” o diretor apresentava um
thriller de crimes angustiante, com
diversos personagens e conflitos, seu
retorno às telas se dá de forma um pouco
diferente. “The Rover” se passa em um
futuro próximo, após um colapso
financeiro global, situando-se no deserto
australiano. A angústia do primeiro filme,
de se viver entre quatro paredes onde não
parecia haver segurança, dá lugar à tensão
de se viver em um mundo vazio e sem
leis.
Logo de início é possível perceber fortes
referências ao gênero western, não
apenas no cenário árido ou no fotografia
que explora a linha do horizonte, se
enchendo de vazio, mas também na
construção de um protagonista de quem
não conhecemos nem o nome e nem o
passado, e que transborda virilidade. O
filme porém não se satisfaz como um neo-
western e passeia entre gêneros, há um
pouco de road-movie, um pouco de um
futurismo árido que faz lembrar “Mad
Max” (ainda que muito mais contido), e
termina por construir seu próprio
caminho e identidade.
Sem abusar da trilha sonora, explorando
silêncios, o filme constrói sequências
muito boas. Seja a de uma perseguição
onde a velocidade não é o mais
importante e a tensão se instaura
justamente por, tanto nós quanto parte
dos envolvidos, não sabermos as
motivações dos atos nela praticados. Seja
em um quarto de hotel onde o inesperado
se constrói em cima da insegurança de um
personagem.
Um filme com poucos personagens e
poucas falas depende muito de boas
atuações para manter sua força. Guy
Pearce dá conta do recado com uma
atuação contida e pontual, mas quem
realmente chama a atenção é Robert
Pattinson. O jovem ator tornou-se um
ídolo teen com suas atuações em filmes
adolescentes. Assim como Leonardo di
Caprio e Brad Pitt no início de suas
carreiras, teve sua atuação posta à prova,
em detrimento de sua beleza. Estrelou um
filme de David Cronenberg, em um papel
que abusava da falta de expressão que os
tempos de vampiro lhe deram como uma
marca registrada. Mas em “The Rover”
teve finalmente a chance de mostrar seu
talento na atuação em um personagem
bastante diferente do que estava
acostumado. Pattinson poderia apenas ter
uma atuação segura, mas foi além, e
correndo o risco de ser caricatural,
mostrou que é muito mais que um
rostinho bonito, na melhor atuação de sua
vida. Há inclusive uma cena que parece
estar no filme como um presente do
diretor para Pattinson, onde seu
personagem ouve uma música e cantarola
o refrão junto com o rádio: “Don’t hit me
cause I’m beautiful”.
Entre poeira, tiros e sangue, o filme
constrói seu caminho, estudando a
degradação do ser humano, refém de
suas inseguranças e que, no vazio, alcança
seus objetivos nas pequenas coisas, afinal
é preciso um norte para se mirar. O final
faz conhecermos parte dos porquês do
filme, mas nem precisaria ser tão literal,
posto que é justamente nas pontas soltas
que reside boa parte da força do filme.
Heloisatolipan
Ao invés de viajar na fantasia da ficção
científica e se concentrar no esgotamento
dos recursos naturais pelo homem, o
longa foca a solidão e o potencial das
relações improváveis dentro de situações
limítrofes.
Nem bem as primeiras cenas do remake
de “Mad Max” começam a pipocar na
internet e já estreia nos cinemas nesta
quinta-feira (7/8) “The Rover – a
caçada” (The Rover, de David Michôd,
Porchlight Films e outros, 2014) espécie de
similar cabeça de aventura apocalíptica
igualmente passada no interior da
Austrália. Em um mundo devastado após o
colapso da sociedade moderna, onde o
governo, a ordem social e as grandes
corporações foram para o brejo, cada um
se vira como pode e tenta, a todo custo,
obter aqueles bens básicos que
costumavam ser desperdiçados pelo ralo:
água, comida, gasolina e, quem sabe, até
mesmo um pouco da boa vontade alheia.
Mas, enquanto geralmente esse tipo de
ficção costuma se deter em aventuras
rocambolescas com muito movimento,
repletas explosões e de hordas de
fascínoras sem alma, esse exemplar do
gênero abusa da narrativa lenta e vai
naquela onda do cavaleiro solitário
característica do western. O diretor David
Michôd procura imprimir um tom mais
realista à premissa do fim do mundo e
foca no comportamento social ao
pretender desvendar o porquê de seres
humanos se tornarem verdadeiros diabos
da Tasmânia diante das adversidades. Sim,
há existencialismo na brutalidade e a
filosofia de que a existência determina a
essência é levada no filme ao pé da letra.
Algo de deixar Sartre e Simone de
Beauvoir trepidando de alegria ao conferir
suas teses na telona.
Não que não haja violência ao longo da
projeção. Naturalmente, os produtores
esbanjaram no uso da glucose de milho, o
ingrediente principal na composição do
sangue cenográfico, e muita gente é
despachada para o além na base de uma
bala na testa. Tudo isso, claro, partindo da
premissa de como a sociedade (ou o que
sobrou dela) reagiria caso não existisse
mais ordem e fosse um cada um por si,
sem ninguém precisar responder
civilmente pelos seus atos. Um Guy Pearce
econômico na interpretação – em visual
que mescla o estilo caubói taciturno com
papai-garotão que circula por aí de camisa
de flanela e bermudão de sarja –
comparece como um protagonista caladão
que move mundos e fundos pelas estradas
do empoeirado outback australiano a fim
de reaver o carro roubado por três
assaltantes. Não que isso fizesse alguma
diferença. Afinal, a sociedade bateu as
botas e ninguém está preocupado com
Nissans ou Toyotas, mas como encher o
bucho. Mas é somente na cena final que
fica claro o real motivo de tanto apego ao
veículo quando, na verdade, bastaria
entrar em uma concessionária
abandonada e sair por aí dirigindo. Sonho
de consumo para qualquer um, se fossem
os dias atuais.
Contracenando com ele, Robert Pattinson
interpreta o irmão abobalhado de um dos
marginais, deixado para trás em um
incidente com uma milícia e resgatado
pelo anti-herói com o objetivo de ser o
passaporte para recuperar seu carro. Nem
é preciso citar que o aspecto frágil do galã
– aqui enfeiado pelo visagismo a ponto de
os fãs de “Crepúsculo” saírem
horrorizados – é usado pelo cineasta ao
limite como forma de estabelecer um
vínculo emocional entre os dois
personagens principais. A ideia é essa:
revelar como que, na solidão e na dureza
de um ambiente inóspito, os vínculos
afetivos podem surgir de onde menos se
espera.
Paraisoweb
Aos 28 anos e em cartaz com “The Rover
– A Caçada”, ator tenta se afastar da
imagem de galã adolescente; próximos
projetos incluem filmes com David
Cronenberg e Werner Herzog
Depois de despontar para a fama como o
vampiro Edward Cullen da saga
“Crepúsculo”, Robert Pattinson está
disposto a passar para a segunda fase da
carreira. Aos 28 anos, ele tenta se afastar
da imagem de galã adolescente com
filmes como “The Rover – A Caçada”, que
está em cartaz nos cinemas brasileiros.
No papel de um sobrevivente do
apocalipse, Pattinson foi chamado de “a
maior surpresa do filme” pelo crítico Scott
Foundas, da revista “Variety”: “É uma
atuação que redefine sua carreira, que
revela novas camadas de sensibilidade e
sentimento”, escreveu.
“The Rover” é um dos exemplos de como
Pattinson vem tentando se firmar como
ator respeitado e dono de papéis
maduros. No centro da estratégia para
chegar lá está trabalhar com diretores
respeitados e, em geral, mais ligados ao
cinema de arte do que a Hollywood.
Tudo começou com David Cronenberg,
que deu a Pattinson o papel principal de
“Cosmópolis” (2012). A indústria se
surpreendeu, já que o galã de
“Crepúsculo” não era visto como um típico
colaborador do cineasta canadense,
famoso por “Crash – Estranhos Prazeres”
e “Marcas da Violência”.
Como um bilionário que transita por
Manhattan a bordo de uma limusine,
Pattinson chegou ao Festival de Cannes,
um dos principais redutos do cinema de
arte. Cronenberg ficou tão satisfeito com o
trabalho do ator que o escalou
novamente, agora em “Maps to the Stars”,
que também foi a Cannes e tem estreia
prevista para este ano.
No mesmo festival, Pattinson mostrou
“The Rover”, segundo filme de David
Michôd, diretor do elogiado “Reino
Animal” (2010).
O futuro reserva mais colaborações com
bons cineastas. Werner Herzog vai dirigi-lo
em “Queen of the Desert”; Anton Corbijn
em “Life”; James Gray em “The Lost City of
Z”; e James Marsh em “Hold on to Me”.
Em entrevista ao “The Hollywood
Reporter”, Pattinson contou que costuma
ligar para os diretores que admira para se
apresentar. “Levou muito tempo para que
eu percebesse que posso fazer isso”, disse
o ator. Ele acrescentou que quer se
aprimorar na profissão. “Não sei se já
encontrei meu caminho com ator. Tenho
que provar certas coisas.”
Críticas brasileiras sobre The Rover! [Atualizado]
10/08/2014
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