Transformação
Eu estava deitado na cama.
Com aquela que sempre sonhei a meu lado. Arrependi-me muito daquela noite… Como eu pude ser tão estúpido, como pude machucar a minha amada daquele jeito.
Passei a mão por seus braços, e ela, inconscientemente, se arrepiou. Seus braços, lindos e quentes braços, estavam roxos. Suas pernas, suas coxas, mas principalmente seus braços… Será que ela iria me perdoar? Será que ela sairia correndo gritando que eu era um monstro? Não, eu conhecia a minha Bella, ela provavelmente não faria isso, ela era muito altruísta. Senti um movimento, Bella estava com os seus braços indo na minha direção, provavelmente me procurando, coloquei minha mão em sua mão e ela a apertou… Bom, não sei se apertou, mas fez uma leve pressão – uma bem leve pressão. E ela sorriu, ela estava feliz, provavelmente, ela ainda não estava sentindo os hematomas que apenas de olhar, eu sentia vergonha. Eu não podia negar o quanto ela estava engraçada. Seu corpo estava cheio de penas, eu não me lembrava muito bem porque havia rasgado aqueles travesseiros… Bem, na verdade, me lembrava, mas falar disso era… Constrangedor.
Ela se virou, e ficou com seu pescoço bem em frente a minha boca. Eu havia superado a sede pelo sangue dela, mas ainda assim, isso fazia minha garganta arder. O veneno já estava se acumulando em minha boca. Por impulso, rocei levemente, bem levemente, em seu pescoço. Naquele momento eu senti a necessidade de transformá-la. Não podia negar que a noite foi ótima – bem, mais que ótima – mas eu não podia continuar machucando-a desse jeito. Ela se mexeu, e colocou seu pescoço mais perto ainda de mim. Eu queria seu sangue, mas não era tão necessário assim. O que eu queria era transformá-la. Ela iria gostar quando acordasse mais linda do que ela já era – se isso fosse possível. Agora era a hora, eu havia me decidido, eu iria acabar com tudo isso e minha Bella não seria mais tão frágil, quanto antes, mas então, senti seu coração bater mais rápido. Aquele som, era o som mais lindo do mundo. Eu não deveria abrir mão daquilo tão fácil assim. Decidi que iria acordar e bancar o durão, eu nunca mais a deixaria com tantos hematomas assim. Quem sabe um pouco mais depois, ela queria ser transformada rapidamente, mas só mais um dia com ela humana e frágil, não iria matá-la – não com eu estando por perto.
Autora: Keyla Cavalcante Carvalho
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