FANFIC - O AMANHECER DE EDWARD CULLEN
Autora: Paula R.Cardoso

Amanhecer de Edward Cullen- Capitulo 4
Presente inesperado
Depois de nos reconciliarmos na semana passada a nossa vida na ilha foi
maravilhosa. Nós passeávamos pela ilha ... algumas vezes, Bella fazia questão de ficar
em casa e nunca era suficiente. A curiosidade pelo local ficou em segundo ou até
terceiro plano. Minha fome de Bella parecia nunca estar saciada, e a dela por mim
também. Fizemos o amor mais lindo de todos os tempos ... nos amávamos completa e
intensamente. Fui um tolo quando imaginei que isso tudo não se repetiria antes de sua
transformação, o que resolvemos adiar por mais algum tempo. Bella estava feliz em
permanecer humana por enquanto, de poder desfrutar dessa parte de sua vida, e poder
conviver um pouco mais com seus pais e amigos.
À noite passada a sede chegou no momento errado. Estávamos nos amando
quando senti minha garganta queimar. Não sentia isso com tanta intensidade desde antes
do casamento. Acho que minha relação com Bella chegou a tal ponto que em alguns
momentos eu me sentia tão humano que a sede simplesmente desaparecia. Mas ontem
ela voltou ... e forte. Tive que me controlar um pouco mais e assim que Bella
adormeceu, deixei-lhe um bilhete, para que ela não se preocupasse em procurar por
mim.
“Espero que não acorde e perceba minha ausência, mas se acordar, voltarei logo. Fui caçar no
continente. Volte a dormir e eu estarei aí quando você acordar novamente. Eu te amo.”
Beijei de leve sua boca e sua testa e saí as pressas para poder retornar logo. A
viagem de lancha foi mais rápida do que quando chegamos. No litoral roubei uma moto
e segui em direção à serra. Devolveria a moto no mesmo lugar quando retornasse, era
mais fácil do que seguir correndo, poderia cruzar com problemas no caminho. A floresta
tropical não é tão povoada de carnívoros quanto Forks mas dei sorte. Encontrei uns
animais grandes numa floresta perto da cidade de Petrópolis. Me alimentei e voltei logo
para “minha vida”.
Cheguei em casa por volta do meio dia e assim que atraquei senti o perfume de
Bella vindo da grande casa. Voei para dentro seguindo seu perfume e encontrei Bella
dormindo no sofá da sala. Ela estava suando, sua testa estava úmida por conta do calor.
Fiquei olhando mas logo me aproximei sentando ao seu lado. Fui trazendo seu corpo
para o meu quando senti que ela foi despertando.
– Me desculpe. – Toquei sua testa quente. – Tanto cuidado. Eu não pensei em quanto
calor você sentiria comigo fora. Eu pedirei para instalarem um ar condicionado antes
que eu saia novamente.
Não sabia quanto tempo Bella ainda gostaria de ficar, então já fui planejando
algo. Estava pensando quando senti o corpo de Bella enrijecer.
– Com licença. – “O que houve? O que eu fiz?” Não entendia. Eu a abraçei ela teve
essa reação.
Bella se debateu e eu a libertei de meus braços.
– Bella? – Chamei quando ela saiu correndo pela casa em direção ao banheiro com a
mão na boca. “Ela está enjoada?”.
Corri atrás dela chegando antes podendo ver sua testa enrugada e o olhar de
pânico. Ela se enclinou no vaso sanitário e começou a vomitar violentamente. Segurei
seu cabelo e apoiei seu corpo que tinha espasmos a cada jorro. Ela respirava ofegante e
vomitava sem parar. Eu estava assustado. Era a primeira vez que via Bella passando tão
mal. Ela, apesar de todos os acontecimentos que surgiram em sua vida, desde sua
chegada a Forks, não a fizeram chegar nem perto de uma doença séria, tirando as
contusões, ossos quebrados e a mordida em seu pulso, provocada pelo maldito James.
– Bella? O que há de errado? – Mas ela não conseguia responder. Busquei em minha
mente as possíveis causas de seu estado. Os anos que estudei medicina, pelo menos a
teoria, e as vezes em que auxiliei Carslile tinham que me dar uma perspectiva do que
fazer.
– Droga de frango estragado. – Ela reclamou.
– Você está bem? – Perguntei novamente depois que ela parecia respirar um pouco
melhor.
– Bem. – Ela disse ainda ofegante. – É apenas intoxicação por comida. Você não
precisa ver isso. Sai daqui.
– Nem pensar, Bella.
– Sai daqui. – Ela tentou se levantar e eu a ajudei mesmo com ela tentando me impedir.
Até parece que eu a deixaria nessa situação sozinha. Bella nunca ficaria sozinha.
Já não bastava ter que ir caçar e deixá-la? Esperei até que ela se lavou e a carreguei nos
braços para a cama.
– Intoxicação por comida? – Como pode ter acontecido se tudo estava fresco na casa. A
geladeira funcionava perfeitamente ...
– É. ... Eu fiz um pouco de frango ontem. O gosto estava estranho, então eu joguei fora.
Mas eu comi um pouco antes.
– Como você se sente agora? – Pus a mão em sua testa para ver se ela estava febril.
Parecia até mais fria, menos quente que o normal. Sua cor, que antes havia quase
sumido, voltou. Seu coração que antes palpitava como um cavalo à galope, agora
estava mais controlado.
– Bastante normal. Com um pouco de fome, na verdade.
Bella queria ir direto para a cozinha. Ela estava com fome. “Mas como? Depois
disso tudo ela consegue ter fome?”, pensei. Não permiti, claro. Ainda não tinha
chegado à uma conclusão do que fazer exatamente para cuidar dela, e pensei em ligar
para Carslile. Dei a ela um copo de água, isso não faria mal e a levei para o sofá da sala,
onde o vento circulava mais e estaria mais fresco. Bella logo se deitou em meu colo e vi
suas pálpebras quase fechando. “Ela ainda está com sono?”. Bella se virou para me
beijar quando seu corpo enrijeceu de novo. Bella levantou correndo com a mão na boca.
Ela ia vomitar de novo, mas dessa vez foi direto para a cozinha, que estava mais
próximo. Voei ao seu encontro e segurei seu cabelo no alto. Ela estava passando muito
mal e eu não sabia o que fazer.
– Talvez nós devêssemos voltar para o Rio, ver um médico. – Disse quando ela estava
lavando a boca. Seu rosto agora estava vermelho, tinham pontos febris em toda a maçã
do rosto.
– Eu ficarei bem logo após eu escovar meus dentes. – Bella disse enquanto se afastava
de mim seguindo para o quarto. Ela pareceu ficar nervosa com a idéia de irmos
embora, mas era o certo a fazer.
Ela chegou logo ao banheiro e fechou a porta me impedindo de entrar. Dei um
tempo a ela, mas quando o barulho da torneira silenciou e Bella não saía começei a me
preocupar. Passaram-se alguns minutos e nada. Não aguentei a ansiedade, ouvia o
coração dela acelerando a cada segundo e isso me angustiou. Bati na porta para que ela
me permitisse entrar.
– Você está bem? ... Está enjoada de novo?
– Sim ... e não. – Sua voz estava estranha.
– Bella? Posso, por favor, entrar?
– S...im?
Encontrei Bella sentada no chão do banheiro de frente para a mala com os olhos
assustados e fixos. Mas ela não disse nada. Me sentei ao seu lado para poder examiná-la
novamente. Ela estava com a temperatura normal, com a que me acostumei, mas ela
ainda olhava fixamente, suas pupilas estavam dilatadas e ela parecia não me ver.
– O que foi? – Chamei por ela até que ela piscou.
– Quantos dias se passaram desde que nos casamos? – Ela disse baixinho.
– Dezessete. – Por que isso era importante? – Bella, o que foi? – Mas ela me
interrompeu. Seus lábios tremiam e ela falava silenciosamente, até para mim. Ela
estava pensando, mas em que?
– Bella! Eu estou perdendo a cabeça aqui.
Bella pareceu tentar falar mas nada saiu. Eu estava muito ansioso. Toquei em
seu rosto, tentando virá-lo para mim, mas ela procurava algo na mala, até que
encontrou. Ela pegou uma caixinha azul e a olhava fixamente. Só um segundo depois
me dei conta que eram absorventes femininos. Eu sabia que Bella tinha mudanças de
humor nesse período, mas nada comparado a isso.
– O que? Você vai colocar a culpa do mal estar na TPM? – Não aceitei essa teoria mas
disse passando a minha mão por sua cintura.
– Não – Ela dizia ofegante, olhando nos meus olhos. – Não, Edward. Eu estou tentando
te dizer que a minha menstruação está cinco dias atrasada. – nesse momento a ficha
caiu. – Eu não acho que tenho intoxicação alimentar.
Eu simplesmente congelei nesse momento. A minha mente trabalhava sem parar
juntando todas as peças enquanto parte dela ouvia o que Bella dizia.
“– Os sonhos ... Dormindo demais. O choro. Toda a comida. Oh. Oh. Oh.”
Conforme Bella ia falando as peças iam se encaixando.“Choro, vômitos, fome
exagerada, apetite sexual descontrolado” eu ia pensando também. Minha mente
trabalhava conforme as lembranças voltavam sem parar. “Mestruação atrasada, seu
corpo mais arredondado”. Lembrei de um período em que Carslile trabalhou como
único médico numa cidadezinha no interior de Ohio há alguns anos. Lá o ajudei nas
situações cotidianas, em que o sangue não estava envolvido. Lembrei dos livros sobre
concepção e parto. Analizei cada página. Tudo se encaixava, mas não era possível. “Sou
um vampiro, pelos céus!”.
“– Oh!” – Bella disse e pela minha visão periférica a vi se levantando, mas
simplesmente não conseguia me mover.
“– Impossível” – Bella disse mais de uma vez baixinho em algum lugar.
Eu imaginava que isso realmente era impossível, nunca na história ouvimos falar
nisso. Haviam as crianças imortais, mas eram bebês que foram mordidos e
transformados, não gerados. Sabíamos das vampiras que se relacionavam com humanos
no intuito puro e simples do sexo, o Succumbus, como Tânia, mas ela nunca ficou
grávida, mesmo tendo relações sexuais com homens que eram plenamente capazes de
engravidar uma mulher. Sabíamos que haviam vampiros que seduziam mulheres,
tinham a relação sexual mas apenas como pretexto de a envolver mais, depois bebia seu
sangue.
Em minha mente tudo foi se encaixando e ficando mais claro. Minha garganta se
fechou completamente. Não sentia nada, absolutamente nada.
“Nunca houve um casal como eu e Bella, um vampiro que suportasse chegar tão
perto e resistir a tentação do sangue e do calor humano, sem matar. Bella era capaz de
ter filhos ... eu era um jovem rapaz, congelado na forma que estava quando Carslile me
transformou. Se naquela época eu poderia ter tido filhos, se assim o destino quizesse,
eu poderia ter agora?” Vi em minha mente a imagem de Charlie nos acusando.
Perguntando se Bella estaria grávida! Lembrei que naquele momento eu tinha a certesa
do impossível, agora não mais.
Meu corpo se enrijeceu quando juntando os fatos eu imaginei o que Bella
estaria carregando. “Ela está grávida de um bebê vampiro? De uma coisa ... um
monstro sedento por sangue. Isso vai matá-la!”.
Ring! Ring! Ring!
Ouvi o telefone tocar mas o pânico que sentia me impedia de ter qualquer
reação. Seria Alice? Ela teria visto algo? Vi Bella se ajoelhando e mexendo em meus
bolsos. Eu estava completamente em pânico. O medo do que poderia acontecer me
apavorava. Mas o que ia acontecer? Não dava para prever. “Talvez Carslile ...” . Meu
pensamento foi cortado quando ouvi Bella ao telefone.
– Oi Alice. – Bella cumprimentou Alice e foi respondendo. – Sim. Hum .... O Carlisle
está aí? ... Eu não estou... cem por cento... certa ... Eu não tenho certeza. – Seu corpo de
enrijeceu ao lado do meu e ela ofegou – O que você viu?
Então Alice tinha visto realmente algo. Algo forte o bastante para fazê-la ligar na
nossa Lua de Mel. Ela havia prometido privacidade, não nos encomodaria nem ficaria
vasculhando nossa vida. Ela tinha prometido. O que Alice tinha visto para que ela
quebrasse essa promessa? Alguns segundos se passaram e Bella não falava, mas o
telefone ainda estava com ela, quando o silêncio foi quebrado.
– Eu... Eu estou um pouco preocupada com o Edward... Vampiros podem entrar em
choque?
Ouvi então ao longe voz de Carslile do outro lado da linha. Fui tomando conta
de meus movimentos lentamente enquanto ouvia Bella falando.
– Não, não. Apenas... pego de surpresa. ... Eu acho... bem, eu acho que... talvez... eu
possa estar...Grávida.
“– Quando foi o primeiro dia do seu último ciclo menstrual?” Ouvi Carslile falando ao
telefone.
– Dezesseis dias antes do casamento.
“– Como você se sente?”
– Estranha. Isso vai parecer loucura ... olha, eu sei que é muito cedo para qualquer coisa
assim. Talvez eu esteja louca. Mas eu estou tendo sonhos bizarros e comendo o tempo
todo e chorando e vomitando e... e... eu juro que alguma coisa mexeu dentro de mim
agora.
Me assustei com a voz e as palavras de Bella e saí do transe que me encontrava.
“O monstro já estava se mexendo?” Estendi minha mão, pedindo o celular a Bella. Ela
me olhou espantada. Vi uma lágrima em seu rosto e isso me doeu forte. Precisava falar
com meu pai. Ter sua visão da situação.
– Hum, eu acho que o Edward quer falar com você.
“– Ponha ele na linha.”
Bella lentamente me entregou o telefone.
– Isso é possível? – Disse com a minha voz se esvaindo. A voz não saía por que minha
garganta ainda estava meio fechada.
“– É a única explicação, Edward. Bella tem todos os sintomas. Mas o problema pode
ser muito maior. Entenda, você é um vampiro, e ela humana, com sangue quente. O que
você acha que pode estar crescendo dentro dela? – Simplesmente não consegui
responder e ele continuou. – Isso pode ser muito perigoso e está evoluindo
rapidamente.”
– E a Bella? – O medo me inundou e a trouxe para perto de mim.
“– Sinceramente não sei ainda o que esperar, mas uma possibilidade existe. O que quer
que seja que Bella está carregando, pode querer se alimentar como nós, pode querer
sangue. E esse sangue será o de Bella. Mesmo sendo um vampiro ou humano usará o
corpo de Bella como alimento. Preciso examiná-la rapidamente. Você precisa voltar
agora, Edward!”
– Sim. Sim, eu vou.
Disse e logo desliguei. Eu já tinha o número da compania aérea na memória do
celular e fui logo discando.
– O que o Carlisle disse? – Bella quiz saber o que tínhamos conversado e a conclusão,
apesar de que ela já sabia.
– Ele acha que você está grávida. – Disse com a voz ainda falha, sussurrando.
– Para quem você está ligando agora?
– Para o aeroporto. Estamos indo para casa.
Nos levantamos e a coloquei na cama, sentada confortável enquanto eu ligava.
Calculei em quanto tempo estaríamos no continente e fui logo reservando, mas todos os
vôos da compania que viemos estavam lotados. Precisava procurar em outras. Na pior
das hipóteses teria que fretar um jatinho, mas de alguma forma estaríamos em casa
breve e Carslile poderia nos ajudar. Eu discuti com a moça da compania aérea até que
ela me conseguisse dois assentos na primeira classe de qualquer empresa que nos
levasse para casa. Bella ia precisar de todo conforto e espaço, e do jeito que eu estava
nervoso, não seria bom que nenhum humano estivesse por perto.
Eu ia falando ao telefone e recolhendo nossas coisas. Separei as nossas roupas e
coloque sobre a cama. Bella ficava sentada me observando até que se levantou, se
arrumou, depois saiu do quarto. A velocidade normal não era tolerável agora. Tínhamos
que partir imediatamente. Finalmente consegui um vôo. Liguei para casa, disse a
Carslile o número do nosso vôo e horário de chegada, e larguei o telefone sobre a
cômoda. Coloquei tudo na mala, as coisas que estavam no quarto e no banheiro. Um
som diferente chamou minha atenção. Era a respiração de Bella. “Ela está sofrendo ...
ela está chorando”.Como um raio segui seu faro e a encontrei na cozinha, de frente
para a janela.
– Bella? – Gritei por ela, desesperado na porta da cozinha. Ela se virou e vi seu rosto
úmido e assustado. – Bella! – Me aproximei rapidamente a tempo de aparar uma
lágrima. – Você está com dor?
– Não, não ... – Ela se fazia de forte, mesmo nesse momento. “Não é hora de se
esconder atrás dessa fachada forte, amor!”
– Não tenha medo. Nós vamos estar em casa em dezesseis horas. Você vai ficar bem. O
Carlisle vai estar pronto quando chegarmos lá. Nós vamos tomar conta disso, e você vai
ficar bem, você vai ficar bem.
– Tomar conta disso? O que você quer dizer? – Olhei em seus olhos e agora vi que o
medo a tomava.
– Nós vamos nos livrar dessa coisa antes que ela possa machucar qualquer parte de
você. Não fique com medo. Eu não vou deixar essa coisa te machucar. – Disse para
tranqüilizá-la.
– Essa coisa? – Ela estava com medo, definitivamente.
– Droga! Eu esqueci que o Gustavo tem que ser pago hoje. Eu vou me livrar deles
rápido e volto logo. – Disse quando ouvi a lancha de Gustavo atracando.
Dispensei Gustavo mas antes que eles voltassem, Kaurê, que segurava um prato
em sua mão, começou a insistir em deixar nosso jantar. Eu disse que estávamos indo
embora, que não era necessário, mas ela insistia. Na sua mente, vi que ela percebeu meu
nervosismo, mesmo quando Gustavo nem se dava conta. Ela reparava em pontos que
normalmente eram despercebidos pelos humanos, mas ela não falava claramente, ela
queria checar Bella. Insistia forçando um sorriso no rosto.
– Sua esposa adorará a comida Brasileira, Sr. Eduardo. – Ela dizia e seguia em direção
à casa.
Passei a sua frente e fui de encontro a Bella, para explicar. Vi que ela ainda tinha
o rosto úmido. Limpei sua face, sofrendo junto com ela.
– Ela insiste em deixar a comida que ela trouxe, ela nos fez o jantar. ... É uma desculpa,
ela quer ter certeza que eu ainda não te matei.
Bella ficou um pouco preocupada, seus olhos se arregalaram quando Kaurê
entrou e colocou o prato sobre a mesa.
– Seu jantar senhora. – Disse Kaurê, mas Bella não entendia português. Ela olhava os
olhos de Bella e em sua mente as suas expectativas foram se confirmando.
– Muito obrigado, agora você poderia nos deixar a sós? – Disse num tom mais rude.
Não estava nos meus melhores dias.
A mulher me obedeceu mas quando se virou jogou o ar na nossa direção, foi o
que bastou. O corpo de Bella se enrijeceu e ela voltou a vomitar copiosamente na pia da
cozinha. “O cheiro da comida!”, pensei. Rapidamente joguei o prato na geladeira para
parar o cheiro e voltei para a pia. Eu segurava seu cabelo e acariciava sua face. Quando
Bella terminou e lavou sua boca, virei seu corpo em direção ao meu e a abraçei forte.
Percebi naquela hora que Kaurê ainda estava aqui, isso tinha me escapado. Na
sua mente vi Bella abraçada a mim e com a mão sobre o ventre. Kaurê agora confirmou
suas dúvidas e ela arfou. O choque pelas imagens que surgiam na cabeça de Kaurê me
assustaram. Ela lembrava nitidamente das lendas de seu povo. Ela teve pena de Bella na
mesma hora e estendeu a mão, querendo arrancar Bella de mim.
Trouxe Bella para as minhas costas, protegendo-a das palavras e da fúria daquela
mulher.
– Lobisomem. – Kaure gritava e vinha na nossa direção. – Não vou permitir que você a
machuque. Mê de ela, vamos cuidar dela!
– Não! – Dei um passo a frente, com Bella segurando meu braço. Começei a explicar a
nossa situação, em em tupi, a língua nativa de sua tribo. – Eu a amo, ela é minha
esposa! Nós não sabiamos que isso era possível! Estamos indo embora procurar uma
pessoa para nos ajudar. Eu a amo e vou salvá-la! Por favor vá embora, preciso ajudá-la!
Kaure se assutou quando começei a falar na sua língua. Ela ficou me observando
e a pena por nossa situação foi nascendo em sua mente.
– Quando descobriram?
– Hoje, há aproximadamente 2 horas. Não sabemos o que ela está carregando, mas está
crescendo rápido. Acho que a está consumindo. Eu sei o que você pensa e vejo na sua
mente que sua tribo sabe dessas coisas. Como vocês lidaram com isso? Preciso saber!
Preciso salvá-la? – Me virei tocando no rosto da “minha vida”. E vi Kaurê fazendo o
sinal da cruz.
– Você a condenou!
– Por favor me ajude. Preciso saber. Apenas pense que verei. – Disse estendendo minha
mão, mostrando Bella. Kaure nos olhava assustada.
– Entenda. A barriga dela crescerá rapidamente, ela ficará enorme em pouco tempo, e a
criatura sairá daí a matando. – Ela disse e fez a mímica, depois de dar mais um passo em
nossa direção. – Quando vocês irão?
– Estaremos em casa daqui a 16 horas. Temos um médico nos esperando.
– Seja rápido se quer salvá-la.
– Por que?
– Depois de alguns dias será impossível tirar o monstro.
– O que acontecerá? – Vi a cena em sua mente, era como se ela já tivesse visto algo
como isso.
– Morte. – Karure disse ao se aproximar de Bella, colocando a mão levemente sobre
seu ventre, suspirou e foi embora.
Me sentia impotente. Não conseguia me mexer novamente. Eu olhava a mulher
saindo da casa e pensava. “Não ... não permitirei!”, eu gritava em minha mente. “ Não a
minha Bella, não a minha vida. Não posso deixa-la ... não posso deixar que isso
aconteça. Eu a amo tanto ... que dor ...”. Minha mente girava e minha garganta se
fechava com as imagens mentais de Kaurê. Eles se foram, a mulher e Gustavo partiram
sem Kaure revelar a Gustavo o que tinha se passado aqui dentro. Bella estava estática ao
meu lado. Não dizia nada, só pensava. Ela ficou o tempo todo assim, parada com a mão
em seu ventre até que se mexeu, saindo da cozinha. Eu não queria ficar longe dela, nem
por um minuto, como se o nosso tempo não fosse suficiente, eu precisava estar com ela,
ela precisava de mim, agora mais do que nunca.
– Aonde você está indo? – Forcei a voz pela minha garganta que queimava agora, mas
não pela sede, mas pela dor.
– Escovar meus dentes de novo.
– Não se preocupe sobre o que ela disse. Não são nada mais que lendas, mentiras
antigas para diversão. – Tentei explicar, acalmá-la caso ela tenha entendido algo.
– Eu não entendi nada. – Ela me falou num tom despreocupado. Eu não acreditei, mas
não valia a pena discutir por isso, precisávamos ir o mais rápido possível, o horário do
vôo estava apertado.
– Eu empacotei sua escova. Eu vou pegar para você. – Fui até a mala e peguei sua
necessaire.
– Nós vamos embora em breve?
– Assim que você acabar.
Eu estava muito nervoso, se antes a angústia me fazia congelar, agora a agonia
me deixou inquieto. Assim que Bella terminou coloquei na mala e a fechei.
– Eu vou levar as malas para o barco. – Disse a ela, acariciando sua face antes de sair.
“Não vou demorar meu amor”.
– Edward... – Ela me chamou antes de eu sair e eu me virei.
– Sim?
– Você pode... empacotar um pouco de comida? Você sabe, só em caso de eu ficar com
fome de novo. – Ela me pediu com os olhos suplicantes. Bella estava nervosa. Seu
coração estava acelerado e eu via a angústia em seu rosto.
– Claro. – “Vou fazer tudo que você quizer meu amor” – Não se preocupe com nada,
nós vamos chegar até Carlisle em algumas horas, realmente. Isso vai acabar logo. – Foi
uma promessa. Ela assentiu e eu segui para a cozinha.
Na cozinha peguei todos os pacotes de pretzels e biscoitos que tínhamos e
coloquei numa bagagem de mão, assim não teríamos problemas no embarque. Disparei
para o deck e coloquei rapidamente as malas na lancha. Lembrei que precisaríamos de
transporte no continente até o aeroporto. Na situação de Bella e com toda essa bagagem,
não poderia simplesmente colocá-la nas minhas costas e correr. Coloquei minha mão no
bolso em busca do celular mas ele não estava alí. “Onde está meu celular?” pensei.
Voltei para buscar Bella e procurar o celular. A encontrei no nosso quarto com o celular
na mão.
– Você esqueceu. – Ela disse me entregando o aparelho.
– Vamos agora? – Ela assentiu. – Deixe carregá-la, não quero que se canse.
– Me deixe ir ao banheiro primeiro.
Peguei Bella em meus braços logo que ela saiu do banheiro e fomos para a
lancha. Antes de partirmos liguei para uma empresa de táxi e solicitei um carro para nos
levar ao aeroporto. Bella parecia calma e concordou com tudo o que eu fazia ou pedia e
isso não era natural dela. Normalmente Bella tinhas suas próprias opiniões e vontades,
mas hoje isso não me incomodaria. O que ela quizesse eu faria para sairmos o mais
rápido possível e voltarmos para casa, onde Carslile já nos esperava.
Segui rapidamente para o continente, encurtando a viagem em pelo menos 1
hora do normal. Assim que chegamos na marina já estava anoitecendo e o táxi nos
esperava. Fomos direto para o aeroporto.
Bella permanecia calada, só não tirava os olhos de mim. Eu estava muito
agitado, mas precisava manter a pose de tranquilidade para ela. Percebi que cada vez
que eu demonstrava uma iritação, seja pelo trânsito, seja pela lentidão na fila do
embarque ou quando o avião custou a decolar, uma ruga aparecia em sua testa. Ela
estava sofrendo, mas não parecia uma dor física, era estranho o sentimento que me
invadia quando isso acontecia.
Assim que o avião decolou Bella adormeceu em meus braços. Ela parecia
tranquila, até sorriu um pouco dormindo. Depois de duas horas de vôo Bella despertou
assustada, levou sua mão à boca e me olhou assustada. “Ela quer vomitar!”. Levei-a em
meus braços até o banheiro com as aeromoças nos seguindo.
– O que ela tem? Podemos ajudar? – Uma delas perguntou.
– Minha esposa está grávida. – Dei a única resposta que me veio a cabeça. Assim elas
não nos encomodariam.
– Parabéns, Sr. Caso necessitem de algo, não se preocupem em pedir. – Disse a
aeromoça sorrindo ao nos dar mais privacidade.
Bella logo se recuperou e me olhou sorrindo. Ela parecia bem melhor. Voltamos
para nossos assentos calmamente evitando movimentos bruscos.
– Estou com fome. Ainda tem daqueles biscoitos? – Ela me falou.
– Mas você acabou de vomitar, Bella. Acho melhor você esperar um pouco.
– Mas eu quero. – Ela me olhou suplicando. Claro que eu atendi sua vontade. Não me
incomodava.
Bella adormeceu logo depois. O vôo então foi tranquilo, Bella não se sentiu mal.
Quando o avião começou o procedimento de descida ela já estava acordade e começou a
ficar mais nervosa, mas não falava nada. Fiquei mais aliviado quando vi que minha
família nos esperava no portão de desembarque. Todos estavam lá ... inclusive ...
Rosalie?
– Finalmente. – Disse Rosalie e vi na mente dela a imagem de Bella grávida, mas não
como estava agora, com a barriga grande. Em sua mente também ouvia uma conversa
entre elas. “Bella ligou para Rosalie? Justo para Rosalie! Por que?” Minha pergunta
foi logo respondida.
Bella soltou de minha mão e correu para os braços de Rosalie enquanto eu
absorvia o pensamento de todos.
– Segurem ele. – Gritou Alice um segundo antes de eu entender tudo.
Bella havia tomado a decisão lá mesmo na ilha, e de lá ligou para Rosalie de
meu celular. Eu o havia esquecido dentro de casa. Bella estava decidida a levar a
gravidez do monstro à diante, mesmo sabendo do risco que estava correndo. Emmet
logo me deu um aperto de aço, impedindo que eu fizesse uma cena alí mesmo. Eu
queria acabar com Rosalie por estar apoiando e protegendo Bella ... de mim.
– Você não pode fazer isso, Bella! – Disse olhando em seus olhos, suplicando.
– Não posso matá-lo Edward ... não posso. – Bella chorava nos braços de Rosalie.
– Eu te amo, não faça isso conosco!
– Eu não posso Edward ... eu não posso. – Ela chorava com a mão sobre a barriga.
Senti nesse momento uma dor muito forte que percorreu todo meu corpo, era tão
forte que quase não conseguia ficar de pé. Ouvia e via na mente de todos tudo o que
aconteceu aqui, desde a descoberta da gravidez de Bella. E o que mais me assustou foi
ver na mente de Alice a visão onde Bella desaparecia a cada dia.





















